TRAVESTIS AMAZONENSES PRESAS EM DUBAI SÃO DEPORTADAS
AO BRASIL
Elas foram presas por serem travestis, já que a legislação
local proíbe que os homens andem vestidos de mulher
BRUNA SOUZA – Á CRÍTICA
As duas travestis amazonenses que tiveram os passaportes confiscados em Dubai,
nos Emirados Árabes, foram deportadas e chegaram ao Brasil nesta terça-feira
(25). Karen Mke, 38, e Kamilla Satto, 33, foram obrigadas a pagar US$ 2.700
cada (cerca de R$ 6.345) de multa após decisão da justiça por infringirem a
legislação local, que não permite a circulação de travestis no país.
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério das
Relações Exteriores, a sentença final do caso em Dubai foi proferida no último
dia 12 de fevereiro, onde ficou estabelecida a deportação mais o pagamento da
multa individual de 10 mil dirhams.
Ainda segundo a nota, a deportação se realizou no dia 24 e
um diplomata da Embaixada em
Abu Dhabi , a capital árabe, acompanhou a audiência final do
caso, bem como a partida dos brasileiros no setor de deportação do Aeroporto de
Dubai. Continue lendo...
Karen e Kamila, entre o dia da sentença e da partida,
tiveram de permanecer detidas no Presídio Central da cidade árabe, por
determinação da Justiça local. O caso das travestis amazonenses ganhou repercussão na imprensa
nacional após publicação no Portal ACritica.com.
A medida foi necessária enquanto não fosse concretizado o
pagamento da multa e enquanto o promotor do caso não declarasse oficialmente
que não haveria apelação da sentença. O Itamaraty finalizou dizendo que a
Embaixada do Brasil nos Emirados Árabes realizou gestões para garantir-lhes
tratamento adequado durante o período de detenção.
Audiência
A audiência estava prevista para acontecer primeiramente no
dia 23 de março deste ano, mas foi adiantada após a veiculação do caso pela
imprensa. A interseção de amigos e parentes por meio de um abaixo assinado
virtual e o apoio consular do Brasil no país árabe também ajudaram na
celeridade do processo.
A reportagem entrou em contato com Karen Mke, que se limitou
a dizer que está em São
Paulo e feliz com a decisão. Na rede social, a maquiadora
agradeceu o apoio dos amigos e de familiares: “Com Muito Carinho que venho
dizer que Graças a Deus e Nossa Senhora Aparecida, que fez um milagre na minha
vida e da minha amiga, podemos voltar para Casa e isso me fez muito feliz. Só
Deus sabe os meses de agonia que eu vivi naquele lugar, mas bem foi passado. Já
terminou e agora é bola pra frente”, declarou no post.
Entenda o Caso
As travestis foram para Dubai em uma viagem turística no fim
de novembro de 2013 e permaneceriam no local por apenas um mês. Porém, em
dezembro, as duas e mais um amigo - também amazonense - foram até uma casa
noturna localizada em um hotel famoso dos Emirados. Após alguns minutos, elas
afirmam terem sido abordadas por alguns seguranças, que pediram para que fossem
até a saída da casa e apresentassem os documentos pessoais.
O trio entregou os passaportes, mas depois de terem os nomes
masculinos nos documentos detectados, Karen e Kamilla foram expulsas, sem antes
terem sido hostilizadas pelos árabes.
A polícia foi acionada pelos amazonenses, mas foram Karen e
Kamila que acabaram presas, por estarem "vestidas de mulher". A
legislação local proíbe a circulação de homens vestidos de mulher e as duas
acabaram detidas.
As duas travestis amazonenses declararam que desconheciam a
proibição e procuraram a Embaixada brasileira em Abu Dhabi , na tentativa
de acelerar o processo de julgamento. (A Crítica)
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