PF CONCEDE REFÚGIO PROVISÓRIO A BOLIVIANA QUE MOSTROU
ERRO EM VOO DA CHAPECOENSE
A Polícia Federal de Corumbá (MS), na fronteira com a
Bolívia, encaminhou ontem (5) o pedido de refúgio solicitado pela boliviana
Celia Castedo Monasterio. Ela trabalha na Administração de Aeroportos e
Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia (Aasana), no aeroporto de Viru
Viru, de Santa Cruz de la Sierra, e teria apontado problemas no plano do voo da
Lamia, no dia 28 de novembro. O avião transportava a delegação da Chapecoense,
jornalistas e tripulantes e caiu próximo à cidade de Medellín, na Colômbia, na
madrugada de 29 de novembro. Setenta e uma pessoas morreram e seis ficaram
feridas no acidente. Segundo a PF, Celia recebeu um documento de identidade de
estrangeiro que lhe dá o direito de permanecer no Brasil por um ano. Até lá, o
mérito do pedido de refúgio deve julgado pelo Comitê Nacional para os
Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça. A Secretaria de Cooperação
Internacional da Procuradoria-Geral da República informou que a boliviana
também foi atendida ontem na Procuradoria da República, em Corumbá. Em
coordenação com as procuradoras Gabriela Tavares e Maria Olívia, a secretaria vai
solicitar aos órgãos federais competentes as medidas cabíveis, conforme as
normas internacionais e o direito brasileiro. A Aasana fez denúncia contra
Celia no Ministério Público boliviano por “não cumprimento de deveres” e
“atentado contra a segurança dos transportes”. Ela foi suspensa de suas funções
por suspeita de negligência e pode pegar até quatro anos de prisão. A aeronave
da Chapecoense partiu da cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra rumo a
Medellín, em um trajeto de aproximadamente 3 mil quilômetros, exatamente o
mesmo valor de sua autonomia. Ainda assim, o plano de voo não incluía escalas
para reabastecimento e nem um aeroporto alternativo para o caso de desvios.
Tais problemas foram apontados por Celia, porém o avião decolou do mesmo jeito.
O governo da Bolívia abriu investigação contra a Lamia para saber como a
companhia aérea recebeu autorização para operar no país, pois foram encontrados
indícios de tráfico de influência e omissão de denúncia. Um gerente da Lamia
teria relações diretas com um servidor da Direção Geral de Aeronáutica Civil
(Dgac), agência reguladora de aviação civil boliviana. Dirigentes da Dgac e da
Aasana foram afastados dos cargos até que durem as investigações. Amanhã (7),
dois procuradores brasileiros vão participar de reunião de trabalho com membros
dos Ministérios Públicos boliviano e colombiano, para tratar dos trabalhos de
investigação sobre o acidente com o voo da Lamia. (Andreia Verdélio, Agência
Brasil)
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